“ E
deixando Nazaré, Jesus foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins
de Zebulon e Naftali, para que se cumprisse a profecia de Isaías”.
Cafarnaum
localizava-se na costa ocidental do mar da Galileia, na fronteira entre duas
tribos antigas: Zebulon e Naftali. Uma profecia de Isaías dizia que a chegada
de Jesus no local iria trazer libertação dos inimigos. Isaías 9:1,2 “Mas para a
terra que estava aflita não continuará a obscuridade. Deus, nos primeiros
tempos, tornou desprezível a terra de Zebulon e a terra de Naftali; mas nos
últimos dias, tornará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, a Galileia dos
gentios. O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e aos que viviam na
região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz”. Assim, em Cafarnaum Jesus
opera muitos milagres, dentre os quais destacarei a cura de um paralitico
descrita nos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas.
"A ti
te digo:Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.E levantou-se e,
tomando logo o leito, saiu em presença de todos, de sorte que todos se
admiraram e glorificaram a Deus, dizendo: Nunca tal vimos." Marcos 2:11-12
Aconteceu
na casa de Simão Pedro. Jesus estava reunido ali com os fariseus quando as
pessoas ficaram sabendo e se aproximaram para ouvi-Lo. Era tanta gente que a
porta principal da casa ficou lotada, interditada, ninguém podia mais entrar ou
sair, a não ser quando a reunião terminasse. E eis que quatro homens apressados
e decididos a falar com Jesus surgem entre a multidão, carregavam uma maca e nela estava deitado um
paralitico, impossibilitado de movimentar pernas, braços e de voz prejudicada.
Seus amigos eram as “mãos, pés e voz” do homem escravizado pela doença. Eles
queriam falar com Jesus, precisavam falar com Ele. Só que , apesar da urgência
e do estado, ninguém deu passagem. Todos e cada um, estavam ocupados demais com
seus próprios problemas e a solução deles, o paralitico, era apenas mais um que
buscava desesperadamente a cura.
Nem todos
têm sensibilidade para perceber as necessidades do outro e encará-las com a
mesma dor de quem a vive e ainda que o problema seja visível, poucos se dispõem
a ajudar. No caso do paralitico de Cafarnaum, entre 100, 200, mais ou menos,
quatro amigos foram sensíveis e determinados na busca pela felicidade do
semelhante. De forma admirável, eles empreenderam tempo e esforço em busca de
algo que parecia difícil de se realizar, e quem sabe, por esse motivo, as
pessoas não tenham aberto o caminho, dado passagem para a maca e o doente. Para
eles, aquele era um caso perdido. Mas, no coração dos amigos do paralitico, a
fé já havia brotado, criado raízes, e agora, eles estavam ali, em busca do fruto
da fé. Tinham certeza que estavam na hora e no lugar certo e nada poderia lhes
impedir de ver o milagre.
Fico
imaginando esses homens, enquanto
carregavam a maca, conversando entre eles sobre o que Jesus já havia feito nas
redondezas: ressuscitado mortos, curado leprosos, expulsado demônios.
Apressados, cambaleando a maca de um lado para outro, mas tão designados que
despertaram admiração no Filho de Deus: “Vendo a fé deles, Jesus disse ao
paralitico: Filho, os teus pecados te são perdoados” Marcos 2:4. A maneira como
chegam até Jesus, é no mínimo extraordinária! Já que ninguém lhes dá passagem,
eles sobem até o telhado da casa, abrem um buraco no teto e descem o amigo
paralitico até o centro da sala, onde Jesus
estava. Quanta fé! As casas da antiga palestina, tinham abertura no telhado,
pois, era comum espalhar trigo ou outros cereais na eira para que o vento
carregasse a palha, limpando o grão (Rute 3). Também era costume manter uma
escada fixa ou móvel ao lado da casa para possibilitar a subida ao telhado. Os
amigos do paralitico de Cafarnaum certamente usaram a escada, e não deve ter sido nada fácil chegar ao cume
da casa carregando a maca sob olhares curiosos, incrédulos e as dificuldades
próprias da missão.
Essa é uma
grande lição para todos nós. A fé, exige ação. Os homens buscaram o milagre,
foram ao encontro de Jesus e por mais que houvessem obstáculos, eles não
desistiram. Não sentiram vergonha ou desanimo. Não esmoreceram diante da
passividade das pessoas. Eles não buscavam aprovação dos homens, não estavam
interessados sobre o que iam falar deles, mas buscaram Jesus. Os fariseus estavam sentados dentro do
recinto e quando viram o homem descer pelo telhado e Jesus o perdoar dos
pecados, não deram glória, nem se
compadeceram, mas ficaram furiosos e julgaram ser Jesus um enganador arrogante
se fazendo passar por Messias: “ “Por que fala desse modo? Isto é
blasfêmia!Quem pode perdoar pecados senão
um que é Deus?” Marcos 2:7. Os fariseus estavam entre os mais
importantes religiosos de Israel e não tinham discernimento espiritual, porque
eram orgulhosos, cheios de si mesmos. Mas os humildes homens que carregavam a
maca, eram simples moradores de Cafarnaum. Pequenos diante dos homens, mas
grandes diante de Deus. Não tiveram receio de se humilharem por uma boa causa,
de amor ao próximo.
"A ti
te digo:Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa. E levantou-se e,
tomando logo o leito, saiu em presença de
todos, de sorte que
todos se admiraram e glorificaram a Deus,
dizendo:
Nunca tal vimos." Marcos 2:11-12
E de
repente, o desprezível cortejo da maca que até pouco tempo implorava por entrar
na casa pela porta, sem ser ouvido,
recebe a atenção do Mestre da vida e se torna o centro da atenção de
todos. O paralitico de Cafarnaum, estava doente por causa do pecado e foi
primeiramente perdoado, em seguida curado da paralisia. Foi quando desceu pelo
telhado, como um grão de trigo caindo em terra, morrendo para o mundo e escolhendo
viver para Deus que recebeu libertação. E como profetizou Isaías: o homem que
estava assentado sobre as trevas, viu uma grande Luz, chamada Jesus! Nem toda
enfermidade é ocasionada pelo pecado, mas a desse homem era e deve ter ocorrido
de maneira progressiva, privando-lhe de felicidade. O paralitico de Cafarnaum
era prisioneiro duas vezes: do pecado e da doença. Não bastaria devolver-lhe a
saúde física se sua condição espiritual era a causa de todos os seus males. E
aqui cabe a nós compreendermos que Jesus veio para libertar o homem por inteiro
(Isaías 54). Em que outro lugar o paralitico Galileu encontraria tamanho favor?
Em que outro lugar nós encontraríamos tamanho favor? Somente em Jesus.
É louvável
a fé desses homens que carregaram o amigo sob a maca. Eles demonstram a
importância da intercessão. O comportamento do doente também contribuiu para a
realização do milagre: apesar de seu estado critico, era um homem que exercia
certa influência em seu meio social. Sua presença era querida. E como não devem
ter saído daquele lugar felizes, saltitando, glorificando a Deus. Um testemunho
que aproximou muitas outras vidas de Jesus. Aquele buraco no teto testemunha
também a nosso favor. Se são muitos os obstáculos, por mais que digam que é
impossível, improvável, se o Caminho é Jesus a Luz haverá de raiar. Assim como raiou nos confins
de Zebulon e Naftali.
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